segunda-feira, 16 de julho de 2012

Aos leitores

Bem hajam por se preocuparem comigo. Vou bem de saúde. Tanto física como psíquica. Afectado pela crise, mas não mais que os restantes conterrâneos. Com a mesma capacidade, a mesma vontade e a mesma facilidade de raciocínio e de escrita. Só deixei de publicar dois textos diários porque não há assunto. Nem a nível nacional, nem a nível local. 
Pelas bandas da capital, como se sabe, continua a luta de meia dúzia de Quixotes -cavaleiros da triste figura- contra os ministros que confundem com moínhos de vento -Relvas, Santos Pereira e Gaspar. O ódio é tanto e  a falta de bom-senso tão pouca, que nem sequer conseguem vislumbrar o óbvio. Ainda que, por improvável milagre, Passos Coelho (encorajado por Relvas, farto de ouvir zurrar) decidisse remodelar os três visados, tudo continuaria como está, com os ditames da troika como programa de governo. Na mesma, por conseguinte. Quem não percebe isto...
Infeliz líder da oposição, Seguro veio à TV proclamar "Há outro caminho!" Pois há, menino Tozé. Mas já se esqueceu que "todos os caminhos levam a Roma", na circunstância à austeridade e ao pagamento da dívida? 
Pode-se aliviar o esforço? Pode sim senhor! Prolongando-o, o que muito agradará aos especuladores, posto que, quanto mais anos mediarem, mais juros teremos de pagar.
Em Tomar, onde a situação não evolui há meses, o caso é ainda mais trágico, se tal é possível. Durante meses e meses, certas avantesmas garantiram que o principal problema era a coligação PSD/PS, tipo mancebia política. Vai-se a ver, desfeito o acordo pelos socialistas, o executivo continua de pedra e cal. Não governa, porque não sabe nem pode nem quer, mas os seus membros governam-se. Uns materialmente, outros psicologicamente, outros ainda nos dois tabuleiros.
Todos beneficiando do apoio tácito de uma população que em termos políticos sempre pediu licença a um pé para mexer o outro. E cuja principal qualidade nunca foi a inteligência.
Desta vez, provavelmente, estarão convencidos de que não adianta protestar porque, por um lado alguém nos há-de valer, como sempre tem acontecido, e por outro, porque  o tempo que vai passando em nada agrava a situação local. Estão enganados, como é costume. Cada dia que passa aumenta a já assustadora dívida do município, pois a autarquia já nem sequer arrecada o suficiente para cobrir as despesas de funcionamento. Se a isso adicionarmos os encargos que os sucessivos erros crassos dos autarcas originaram, o panorama é sombrio. Apenas um exemplo: Os TUT, transportes urbanos que servem umas magras centenas de pessoas, custam à autarquia a módica soma de 80 mil contos anuais = 6.700 contos por mês, contando já com a insignificância dos bilhetes cobrados. Como falta a coragem política para acabar com semelhante regabofe à custa de todos nós, não seria melhor comprar e oferecer a cada um dos passageiros habituais um carro em segunda mão? Ficava muito mais barato aos contribuintes...

2 comentários:

templario disse...

DE:

O que vai por aí de desespero, Dr. Rebelo!!!! Acalme-se!

Até parece o MRSousa ontém na TVI..., no seu generoso papel de hermeneuta das javardices que saiem da boca para fora do esgroviado do Passos Coelho e da própria filosofia... troikiana - a tragédia é tal que já lhe indica ministros, entre eles o "ganda nóia".

Daquele José Sócrates de que teimam em alimentar-se, porque foram comilões, só existe restolho; mas do verdadeiro J. Sócrates brotam novas verduras que não serão para os seus (deles) dentes. Ficaram sementes e o fermento...

Florescem e fermentam esperanças e ganas por todo o lado!

Veremos, mais dia menos dia, mais mês menos mês, que o crime social e político contra o povo não compensa. Prepara-se um ajuste de contas.

"O Povo é sereno"!

"O Povo vencerá"!

Os canalhas até poderão vir a ser arrastados pelas localidades, aldeias, vilas e ruas das cidades de Portugal.

Não há hermeneutas que disfarcem a natureza das suas palavras e políticas e ódio ao povo.

Se esta camarilha não decide, rapidamente, pelos seus pés, abandonar o governo, não me admiraria nada que um dia destes venhamos a acordar, não com uma guerra civil de palavras, como a que estamos a viver, mas com uma daquelas.... - que os deuses nos livrem dela(se é que eles existem)!

Após o 25 de Abril houve assim uma coisa parecida..., que descambou no célebre 25 de Novembro.

"O Povo é sereno"! "O Povo é sereno"! "O Povo é sereno"!

Pedro disse...

Caro professor Rebelo,

Confesso que gosto particularmente de ler os seus textos. Sobretudo porque permitem a manutenção do meu contacto com "a Tomar real" que à distância de uma quinzena se vai perdendo através da frieza das notícias web.

Por vezes, o que me desagrada é a sua aparente dualidade de critérios. Neste seu texto, por um lado critica o ódio e a falta de bom senso dos que ambicionam uma política diferente para o País, sem vislumbre do óbvio. Por outro, não hesita em condenar a inércia dos que, em Tomar, se convenceram que já não adianta protestar.

Em que ficamos? Temos o dever de contestar o Poder Local mas temos de tolerar, sem hesitação, as medidas da Troika/ Coligação PSD/CDS-PP?

Cumprimentos,
Pedro César